Você sabia:

Que ao lado do judô, o iatismo é a modalidade olímpica que mais deu medalhas para o Brasil? No total foram 16, sendo seis de ouro, três de prata e sete de bronze. Em 1968, nas Olimpíadas do México, o brasileiro Reinaldo Conrad se tornou o primeiro medalhista olímpico da história do país na modalidade, quando conquistou o bronze. E em 1976, nos Jogos de Montreal, ele repetiu a dose. Paulistano, hoje com 74 anos, Conrad aprendeu a velejar na represa de Guarapiranga (SP), competiu em cinco edições dos Jogos e tem o sonho de participar das Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro.

Murilo Salles, cineasta de longa data, com uma filmografia extensa e premiada é diretor do documentário que vai contar a trajetória do atleta Reinaldo Conrad.

Depois de 6 meses, o documentário nasceu. Como foi pra vc esse processo todo, desde a pesquisa até a finalização?
Foi uma honra e um prazer ter convivido durante esse tempo e aprendido tantas lições de vida com Reinaldo Conrad.

Porque Reinaldo Conrad?

Porque ele é um pioneiro e por causa da trajetória dele, que aprendeu a velejar numa represa, Guarapiranga e se tornou o primeiro medalhista olímpico da vela brasileira, numa regata no mar. Os desafios técnicos que enfrentou à época, onde havia uma enorme defasagem entre os velejadores dos países desenvolvidos e ele… E tem, também, um lado meu nisso, que é gostar de olhar para o esportista em seu desafio solitário, no mar, numa luta travada contra a natureza, com o barco. Isso é muito cinematográfico.

Em qual momento está o DOC?

Já filmamos a maior parte: ele navegando, em competição, tentando classificar para a Olimpíadas de Londres. Vamos no fim do mês filmar a parte mais “intimista”: primeiro, uma entrevista. Depois, ele e seu clube, onde se formou, onde treinava e virou uma referência da vela brasileira.

Quais estão sendo os desafios? Quais escolhas que estão sendo feitas em relação a linguagem?

Filmar um esporte tão singular quanto a vela impõe um pensar estético muito rigoroso, pois a competição – entre os velejadores – não é tão explicita visualmente tal como numa luta de box ou no volei, na natação, esportes onde a liturgia da “competitividade” é mais explícita. O velejador pode, numa competição, fazer um percurso diverso dos outros. Onde ele praticamente veleje solitário. Ele tem que cumprir um trajeto: a saída, o retorno e a chegada, mas, no mar não há raias. O que interessa numa regata é a concentração do velejador e de seu timoneiro em todos os detalhes e ajustes do barco ao vento, à correnteza, a maré e as ondas. É quase uma corrida contra desafios. Vencer esses desafios é mais importante do que ficar olhando para seus competidores. O que vai fazer de você um vencedor é a sua capacidade de superar com excelência os desafios que se apresentam durante a regata, o desafio não é o competidor… A vitória é uma consequência dessa concentração e da performance. Sempre.

Quem vc já entrevistou ? Como foi? O que vc pode relatar que te surpreendeu de alguma forma?

Ainda não entrevistei ninguém. Ando pensando muito nisso. Acho que o filme que estou fazendo é uma homenagem para um vencedor olímpico. Um olhar sobre o desafio de sua jornada existencial. Não queria fazer um filme jornalístico. Entrevistas são o que imperam no AR, no jornalismo televisivo. Quero emocionar o espectador pela contundência do relato da jornada existencial de Reinaldo Conrad.

O que as pessoas vão poder ver com : Reinaldo Conrad – o atleta do detalhe”?

As Pessoas vão perceber que é necessário muita paixão para ser um vencedor olímpico. Portanto, estou fazendo um filme sobre essa paixão.

Reinaldo Conrad (à esquerda)

A vida de Reinaldo Conrad nos leva aos primórdios tanto da prática do iatismo no Brasil como da formação dos campeões de medalhas. Nascido em 1942, em São Paulo, ele começou a freqüentar desde cedo o Yatch Club Santo Amaro, onde, ainda criança, ganhou dispais um barco Pingüim. Foi na aventura de aprender a velejar em SP que Reinald marcou a história desses esporte olímpico brasileiro para sempre.

Foi ele quem trouxe as duas primeiras medalhas olímpicas do iatismo para o Brasil (México 1968 e Montreal 1976). Participou em cinco edições dos jogos e sempre velejou com um muita emoção e criatividade, procurando minimizar as diferenças com as equipes de países mais desenvolvidos tecnologicamente.

Ao documentar a história de Reinald, o público conhecerá melhor a modalidade da vela, mas principalmente qual é o diferencial que faz os atletas brasileiros chegarem ao topo, histórico que começou com a fantástica trajetória desse atleta, que se prepara, ainda para ser o medalhista com com a idade mais avançada da modalidade. Seu objetivo é competir aos 74 anos na Olimpíada do Rio de Janeiro.

Murilo Salles

Ficha técnica:

Documentário: “Reinaldo Conrad: A Origem do Iatismo Vencedor”

Produtora: Cinema Brasil Digital

Diretor: Murilo Salles

Localidade: Rio de Janeiro (RJ)

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