Por Fredi Cardozo,
Datas, datas e agenda; Los Angeles, lá vamos nós!
São Paulo, 27 de fevereiro de 2013 – Envolver três lendas do vôlei nacional não é tarefa fácil, mas o diretor Giuliano Zanelato encarou o desafio para concretizar o documentário: “Viagem – O saque que mudou o vôlei”. A experiência com filmes curtos para internet, em entrevistas com grandes nomes do esporte brasileiro, deu o empurrão inicial para a participação de Giuliano no Edital. Foi em uma dessas conversas, com o ex-jogador da seleção brasileira de vôlei, José Montanaro, que Giuliano juntou duas ideias; contar a história da medalha com o saque viagem e participar do Edital Memória do Esporte Olímpico. Para dar o tom da história está prevista uma viagem de Montanaro, Willian e Renan, para Los Angeles – sede dos Jogos de 1984. O resultado poderá ser visto em breve. Enquanto isto descubra um pouco mais sobre a produção, na entrevista com Giuliano:
De onde surgiu o interesse, seu e da produtora, de participar do Edital do Memória do Esporte?
Bom, na verdade o interesse pelo edital veio do interesse pelo esporte. Eu sou apaixonado por esportes desde moleque e sempre que dá tento unir as duas coisas e há um tempo eu comecei a fazer um projeto que chama Esporte Ponto Final, que fala com grandes atletas, conversando com eles sobre os momentos determinantes no esporte. Em uma destas entrevistas eu conheci o Montanaro. Eu já conhecia o Edital Memória do Esporte, enfim, eu já vinha pensando se poderia inscrever alguma coisa que tivesse a ver com um documentário de 26 minutos. E o Montanaro, nesse papo, contou algumas histórias, e especialmente a união de duas delas me chamou muito a atenção. Que foi a coisa da conquista de 84 em si vista ali pelos olhos dele com os companheiros e a coisa do saque viagem
E nesse processo de definição, surgiu alguma surpresa, ou algo que você não esperava?
Ah teve! Essa foi a primeira medalha, é um negócio superemblemático. Você já tem uma história aí, uma bossa pra se contar. Mas aí eu achava que faltava alguma coisa para o roteiro. Eu não queria falar só sobre a olimpíada de 1984. Eu queria algo com um contorno maior. Daí que eu cheguei a história do saque e quando cheguei aí tiveram histórias que surpreenderam. Aí a gente vai descobrindo coisa, esse é o barato, você vai descobrindo coisa que você não sabe.
A popularização do saque viagem se deu mesmo pelos brasileiros, nos Jogos de 1984? Qual a importância disso para o esporte?
Sim, foi na olimpíada de 84. Se você pegar a olimpíada de 1980 todo mundo dava aquele saque por cima, ou aquele saque de lado, mas ninguém efetivamente dava esse saque que é um ataque. Ninguém dava este saque e eles foram os caras que popularizaram e realmente usaram de forma constante e efetiva. Os três caras tiveram um mérito muito grande, ter esta forma de sacar para o Brasil, chegar naquela final e conquistar aquela medalha.
Você já trabalhou com esporte antes, mas quais foram as diferenças ou novos desafios, que apareceram ao desenvolver este projeto?
Eu já fiz um projeto de esporte como eu te falei voltado pra internet com uma duração específica para tal. Essa coisa de pensar no esporte como um documentário de 26 minutos para TV é um desafio. É interessante isso e eu acho uma coisa bem contemporânea. A gente está pensando em uma coisa que é uma linguagem cinematográfica, mas que vai passar na TV e que com certeza a principal divulgação vai ser pela internet. Então, é uma coisa interessante pensar nesse projeto, que talvez alguns anos atrás fosse um projeto exclusivamente cinematográfico, hoje você tem que pensar nele num formato um pouco mais Cross mídia.
Como foi a relação deles (Willian, Montanaro e Renan), quando informados sobre a realização do documentário?
Eu conversei com eles antes do Edital. Eu falei que tinha uma história aí, vocês topam que eu escreva esse projeto? Eles toparam, mas é obvio que, depois que a gente passou e foi um dos contemplados do Edital, houve uma conversa mais profunda sobre a coisa mesmo. Vamos ver as diárias de filmagem, vamos viajar para Los Angeles, ver quais datas estão disponíveis. Recentemente eu estava conversando com o Rogério Zagalo – que é o produtor – e ele falou ‘Pô, como os caras estão afim de fazer essa história’. É óbvio que é difícil, tem agenda, mas você vê que tem uma vontade dos caras de fazer essa história dar certo.
E vocês estão viajando para realizar alguma entrevista, ou para gravar o filme por lá?
A grande brincadeira, o grande mote do projeto, é primeiramente colocar os três juntos, porque eles se falam, mas não convivem mais hoje em dia. Então a gente começa as filmagens aqui em São Paulo, mas a maior parte das filmagens irá acontecer em Los Angeles, aonde a gente vai levar os três para uma viagem, para revisitar as memórias. Eu acho que estando lá com o clima da cidade, perto de onde eles jogaram, perto de onde eles ficaram, acho que isto instiga você a buscar memórias que estavam arquivadas lá no fundo, que não estão em um nível superficial, estão em um nível mais profundo. Eu acho que esta viagem é super importante. É óbvio que teve, depois que todo projeto estava andando, uma brincadeira aí: o principal objeto do filme vai ser uma viagem, acabou sendo uma metáfora interessante. E aí o nome do filme também “Viagem – O saque que mudou o vôlei”.
Você já tem uma imagem de como o filme vai ficar. Como você acha que o público vai receber o seu filme, como outras gerações vão conhecer esta história do vôlei?
É impossível pensar o que as pessoas vão achar. Mas a principal característica que eu espero é que seja um filme leve e gostoso de assistir. Eu acho que a gente vai falar sobre uma coisa, que embora seja uma coisa importante para o esporte como arma, é um fundamento do vôlei. O Willian conta histórias de que a primeira vez que ele deu este saque, um técnico na Itália viu e chamou ele de louco, falou para ele parar com isso e depois pediu para ele dar o saque em momentos de dificuldade do time. Então, enfim, é uma coisa que deu certo e esses três caras são personagens importantíssimos na fundamentação desta arma do voleibol. Eles são brasileiros e fazem parte de um momento em que o Brasil ganha a sua primeira medalha olímpica. Eu espero que todo mundo curta ver isto de uma forma leve, mesmo quem não conhece. Eu não tenho o interesse de fazer um documentário investigativo nada disso, mas eu quero colocar esses três companheiros juntos novamente e ver o que sai do papo deles.
Ficha técnica:
Documentário: “Viagem – O saque que mudou o vôlei”
Produtora: Gaia Produções
Diretor: Giuliano Zanelato
Sinopse: Participar das Olimpíadas e ganhar uma medalha inédita na sua modalidade é inesquecível. Fazer pequenos brasileiros praticarem vôlei, onde antes só havia traves de futebol, merece respeito. Agora, popularizar uma forma de sacar, a ponto de mudar um pouco o seu esporte, é histórico. Foi exatamente o que fez Montanaro, acompanhado por Willian e Renan com o “saque viagem” em 1984. Em poucos anos, todas as seleções olímpicas estavam sacando igual àqueles três brasileiros.