Saiba como foi o lançamento do Projeto Memória do Esporte Olímpico em 2011

LANÇAMENTO FOI REALIZADO EM SÃO PAULO

Foi lançado, em cerimônia realizada na Cinemateca de São Paulo no dia 11/07/2011, o projeto Memória do Esporte Olímpico Brasileiro, que integra o programa Petrobras Esporte & Cidadania. O projeto é uma iniciativa inédita que se propõe a selecionar e produzir documentários sobre a história do esporte olímpico brasileiro, por meio de seleção pública de âmbito nacional.

“Temos uma grande oportunidade de contar a história dos heróis brasileiros, mesmo que não sejam medalhistas. O projeto vai contar para novas gerações a história de grandes brasileiros que estão na estrada olímpica. Isso sim é uma oportunidade de ouro”, observa o jornalista e diretor da ESPN Brasil, José Trajano, um dos idealizadores do projeto junto com o Instituto de Políticas Relacionais (IPR). Este último será o responsável por coordenar o projeto, desde a abertura do edital até a conclusão e exibição dos filmes.

Na opinião de Daniela Greeb, presidente do IPR, a iniciativa é fundamental para resgatar a memória do esporte olímpico brasileiro. “Para nós, registrar a memória do esporte é um ato de cidadania”, define Daniela.

Cinemateca Brasileira

José trajano, Wilson Santarosa, Carlos Magalhães e Wlamir Marques

Cinemateca Brasileira

Daniela Greeb, Carlos Magalhães e Eliane Costa

SOBRE O PROJETO Desde o século VI a.C., os jogos olímpicos têm movido a humanidade. É o evento esportivo mais importante da história e, da Grécia Antiga à Idade Contemporânea, unificam povos em torno de uma competição saudável e do estímulo à prática do esporte.

Daqui até 2016, estaremos cada dia mais em contato com esse universo, pois o Brasil abrigará, pela primeira vez, uma Olimpíada. O Rio de Janeiro será a sede, mas todo o país e o mundo voltarão seus olhos e expectativas para os nossos atletas, para cada salto, cada braçada ou passe de bola.

A expectativa é grande, claro. Tentamos imaginar como serão os jogos, se a infraestrutura do evento funcionará e se os atletas brasileiros conseguirão se destacar competindo casa. Mas para compreender esse momento histórico e entender seu contexto, não devemos apenas olhar para o futuro: é fundamental conhecermos o passado.

Como o Brasil participou das outras Olimpíadas? Quem foram e quem são nossos atletas? Quais os momentos mais marcantes?

Pouco ou nada sabemos sobre essa trajetória, que até hoje tem registros insuficientes. É justamente com o intuito de resgatar a memória das conquistas esportivas do Brasil que surge o projeto Memória do Esporte Olímpico Brasileiro.

Trata-se de uma iniciativa inédita que se propõe a selecionar e produzir filmes, por meio de concurso público de âmbito nacional. Serão ao todo nove documentários de 26 minutos que vão colaborar para o desenvolvimento de um acervo audiovisual sobre o tema e para a difusãoda prática do esporte, estimulando e inspirando a população.

O processo de seleção será realizado em duas etapas: após a inscrição, serão escolhidas as propostas consideradas mais pertinentes ao edital, que depois concorrerão entre si no em umpitching. A definição será feita por uma banca de profissionais com notório saber.

Após esse processo, as equipes dos nove documentários finalistas participarão de oficinas de captação de áudio, imagem, vídeo, roteiro e edição que contribuirão para a execução do filme.

Além dos documentários, um longa especial de 52 minutos, que abrirá a mostra realizada ao final do projeto, será dirigido por Ugo Giorgetti, convidado especialmente pelo Memória do Esporte Olímpico Brasileiro.

Por considerar inegável o amplo alcance da televisão aberta e fechada e do cinema, o projeto utilizará esses recursos para proporcionar à população um ótimo acesso aos bens culturais. A televisão será uma grande parceira, já que contribuirá de maneira decisiva para alavancar o esporte por meio de difusão e divulgação das modalidades e sua prática pela população, em todos os níveis.

Se o país é sabidamente conhecido por não ter memória, imagine o esporte nacional! Atletas como Zenny de Azevedo, o Algodão, medalhista no basquete dos Jogos Olímpicos de Londres/1948, Adhemar Ferreira da Silva, bicampeão olímpico no salto triplo em Helsinque/1952 e Melbourne/1956, Chiaki Ishii, medalhista no judô em Munique/1972, Aída dos Santos, quarta colocada no salto em altura em Tóquio/1964 e Manoel dos Santos, medalhista nos 100m livre em Roma/1960, entraram para a história esportiva do Brasil, mas não têm o devido reconhecimento no próprio país. São quase heróis anônimos.

Por isso a importância de se resgatar a memória da história esportiva brasileira. Dezenas de atletas que já representaram o Brasil poderão servir de referência aos futuros candidatos a medalha olímpica em nosso país. Os atletas brasileiros têm muitas histórias de luta, superação e consagração para contar. Perfis, biografias, uma campanha vitoriosa ou uma derrota amarga formam um inesgotável universo de filmes a ser produzidos. Os documentários deverão resgatar as imagens perdidas do esporte olímpico nacional. A informação passará pelo túnel do tempo e chegará às novas gerações pela voz dos próprios protagonistas, os atletas. Vitórias, derrotas, dedicação, alegrias, emoções. Trajetórias de vida e de muita luta. A cultura esportiva é patrimônio de uma nação. Preservá-la é mais do que um simples registro. É um ato de cidadania.

PETROBRAS ESPORTE & CIDADANIA

O projeto Memória do Esporte Olímpico está inserido dentro do programa Petrobras Esporte & Cidadania. O Programa Petrobras Esporte & Cidadania foi construído em alinhamento com a Política Nacional do Esporte, com o objetivo de apoiar o desenvolvimento do esporte olímpico brasileiro e contribuir para a democratização do acesso popular a práticas desportivas.

Até 2014, serão investidos cerca de R$ 265 milhões em quatro segmentos – Esporte de Rendimento, Esporte Educacional, Esporte de Participação, Memória do Esporte – que contemplarão crianças, adolescentes, atletas e diversos outros profissionais relacionados ao mundo do esporte.

Veja mais informações em: http://www.petrobras.com.br/ppec/

RESGATAR A MEMÓRIA É UM ATO DE CIDADANIA

Em 1960, quando Wlamir Marques conquistou a medalha de bronze nas Olimpíadas de Roma, o jornalista José Trajano era apenas uma criança. Mas a vitória da seleção masculina de basquete inspirou-o a praticar a modalidade. “Eu fiquei fascinado. Quando eu fazia cestas de dois pontos jogando pelo América, no Rio de Janeiro, ia para a casa me sentindo o Wlamir”. O tempo passou e hoje Trajano é diretor da ESPN Brasil. Conheceu seu ídolo de infância de perto, assim como muitos outros atletas-símbolo do esporte nacional. “Eu ouvi histórias inacreditáveis desses atletas. Histórias de superação, emoção, dedicação ao esporte e à bandeira brasileira. E eu me perguntava por que elas não eram contadas, perpetuadas para as gerações que virão”.

Com esse depoimento, Trajano explicou ao público presente à Cinemateca Brasileira os motivos que o levaram a idealizar o projeto “Memória do Esporte Olímpico Brasileiro”. O evento de lançamento, que ocorreuem 11/07 em São Paulo, contou ainda com a presença de Carlos Magalhães, diretor executivo da Cinemateca Brasileira, Wilson Santarosa, gerente de comunicação institucional da Petrobras, Eliane Costa, gerente de patrocínio da Petrobras, o próprio Wlamir Marques e Daniela Greeb, presidente do Instituto de Políticas Relacionais, além de vários atletas que marcaram nossa história.

A partir de agora, o edital do projeto, que prevê a realização de 9 médias-metragens, ficará aberto a inscrições durante 45 dias.

“A memória do esporte nunca foi resgatada. Conhecemos muito a história do futebol, mas das outras modalidades não. Esse projeto é um prêmio a todos aqueles que, independentemente de terem conquistado títulos ou medalhas, vão poder servir de exemplo para as gerações futuras. Aos 73 anos eu me sinto emocionado. Isso me dá a sensação de renascimento. Eu quero viver mais anos para contar a minha história”, disse Wlamir, às vésperas de seu 74o aniversário.

O jogador de basquete também foi ídolo de uma outra esportista nacional que compareceu ao lançamento, Magic Paula. “Quando eu comecei a jogar, o Wlamir Marques já tinha parado e eu, mais do que ninguém, gostaria de saber e conhecer um pouco mais quem foi ele. Isso se perpetua de geração em geração. Percebemos que as crianças não têm referência e conhecimento porque falta deixarmos um registro”, afirmou a atleta, ressaltando a importância do projeto.

Marquinhos Abdalla lembrou uma história curiosa e simbólica: “Em 1970, o Brasil foi vice-campeão mundial em Ljubljana, na antiga Iugoslávia. Passados 33 anos nós voltamos lá e fizeram uma homenagem para o Ubiratan e o Wlamir, que haviam jogado naquela época. E aqui no Brasil ninguém se lembra deles”. Marquinhos integrou a seleção brasileira nas décadas de 1970 e 1980 e diz ter vontade de compartilhar essas experiências com um público maior.

Concordando com a fala de seus colegas, Sócrates ressaltou que não existe memória esportiva no Brasil: “Hoje não temos nada. Aliás, nós somos os anti-orientais: quanto mais velhos, mais descartáveis.”

“Resgatar a memória do esporte é, para nós, um ato de cidadania”, afirmou a presidente do Instituto de Políticas Relacionais, Daniela Greeb.

Para Wilson Santarosa, “o projeto vem para resgatar realmente a história do esporte olímpico brasileiro, de cada um que participou. Grandes heróis ou pequenos atletas. Seja quem forem eles, sem preconceito.”

Já Carlos Magalhães falou sobre a satisfação que Cinemateca tinha em ver o lançamento do projeto e deu ênfase à importância do esporte: “Todo mundo sabe da função importantíssima que o esporte cumpre em nossa sociedade, seja de integração social, seja no plano da saúde, da autoestima, da identidade e da educação”.

Por fim, Eliane Costa, da Petrobras, afirmou que o projeto “é bastante interessante porque essa memória olímpica é importante de resgatar. É preciso fortalecer a criação de acervos sobre a memória olímpica, hoje muito dispersos, e, ao mesmo tempo, fortalecer a produção independente de audiovisual, levando-a para a TV aberta e fechada (com a ESPN).”

DOCUMENTÁRIOS FINALISTAS 2011

Aída dos Santos, Maria Lenk, Claudio Kano, José Telles da Conceição, Servílio de Oliveira, Reinald Conrad, Ana Moser, Ana Flávia Chritaro, Ana Margarida (Ida), Ana Paula Rodrigues, Ericléia Bodziak (Filó), Fernanda Venturini, Hélia Rogério de Souza (Fofão), Hilma Aparecida Caldeira, Leila Gomes de Barros, Márcia Regina Cunha (Márcia Fu), Sandra Maria Lima Suruagy Lima, Virna Dantas, Adhemar Ferreira da Silva, Afrânio Costa, Dario Barbosa, Fernando Soledade, Guilherme Paraense e Sebastião Wolf. Esses grandes nomes da história do esporte brasileiro vão virar filme!

José Trajano, Ricardo Favilla, Newton Cannito, Heber Moura Trigueiro e Lina Chamie

Os atletas serão os homenageados nos documentários selecionados pelo edital Memória do Esporte Olímpico Brasileiro em seu primeiro ano.

Documentários finalistas

A decisão saiu após a defesa oral dos projetos (pitching), realizada ontem na Cinemateca Brasileira, em São Paulo (SP). A banca foi composta por Heber Moura Trigueiro, José Trajano, Lina Chamie, Newton Cannito e Ricardo Favilla.

André Pupo apresenta projeto

Para André Pupo, diretor do documentário “Aída, uma história de garra”, Aída dos Santos é uma mulher única. “Ela participou de duas edições dos Jogos Olímpicos: em Tóquio 1964, ficou em quarto lugar no salto em altura, sem estrutura, sem treinador, sem nada. Quatro anos depois, nos Jogos da Cidade do México, ficou em vigésimo no pentatlo. No nosso filme, queremos que as pessoas se sintam nessa final de Tóquio”.

Teaser do documentário “A luta continua”

Outro contemplado é o boxeador Servílio de Oliveira, primeiro e único medalhista brasileiro na modalidade. “Como muitos atletas brasileiros, ele tem origem humilde e o esporte foi o que mudou a vida dele. Eu acho que essa história precisa ser contada para servir de exemplo para muita gente”, afirma o roteirista Marcelo Machado.

Denis Kamioka

Denis Kamioka, diretor de “Cláudio Kano, o atleta do detalhe”, vibra ao falar sobre o mesa-tenista: “homenageá-lo homenagear todo o esporte. Ele foi um ícone, tem uma história incrível de vida. É um atleta que o Brasil ainda precisa conhecer”. Kano participou de duas Olimpíadas, Seul (1988) e Barcelona (1992) e morreu num trágico acidente de moto pouco antes de embarcar para Atlanta (1996).

Torero

O jornalista e escritor José Roberto Torero é o autor de “Ouro, prata, bronze e… chumbo”, projeto que vai contar as peripécias da equipe brasileira de tiro na Olimpíada de Antuérpia (1920).

Afrânio Costa, Dario Barbosa, Fernando Soledade, Guilherme Paraense e Sebastião Wolf foram os primeiros medalhistas do país e deixaram muitos relatos de sua emocionante viagem à Europa.

“Ele é um personagem muito emblemático, com uma carga dramática grande. Ele foi a primeira pessoa a subir no pódio do atletismo brasileiro na história e três dias depois veio o Adhemar Ferreira da Silva. Quando ele venceu, foi vencido. É um retrato radical do que acontece com todos os atletas”, comenta André Klotzel, diretor de “Do Méier para Helsinque, a história de um salto”, sobre o atleta José Telles da Conceição.

Fabio Meira

Fabio Meira, diretor de “12 brasileiras”, conta que ficou 15 anos pesquisando a seleção de vôlei feminino que participou da Olimpíada d

e Atlanta (1996), inclusive no período em que morou em Cuba, quando o país era considerado nosso principal rival na modalidade. “O mais importante para elas é a camisa do Brasil. É a primeira medalha feminina coletiva”, afirma. “E tem cenas antológicas, como aquela em que Ana Moser pede respeito das cubanas”.

Apresentação do projeto “Maria Lenk”

Iberê Carvalho afirma ter escolhido a nadadora Maria Lenk como personagem por seu pioneirismo: “Ela foi a primeira mulher sul-americana a participar de uma Olimpíada, em Los Angeles (1932), e a primeira nadadora brasileira a bater um recorde mundial. Além disso, foi também uma grande educadora. Fundou a primeira escola de educação física brasileira e foi diretora numa época em que as mulheres ocupavam menos postos”.

Rafael Terpins

Adhemar Ferreira da Silva será outro dos atletas lembrados pelos documentários. Medalhista de ouro no salto triplo das Olimpíadas de Helsinque (1952) e Melbourne (1956), ele também “foi uma pessoa que combateu o preconceito e promoveu o atletismo no país”, ressalta o diretor Rafael Terpins. Adhemar foi adido cultural, professor da Febem e até mesmo ator em “Orfeu negro”, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 1960.

Por fim, o velejador Reinald Conrad, medalhista de bronze em 1968, é o personagem escolhido pelo diretor Murilo Salles. “O esporte é uma grande ficção porque lida com um desempenho sobre humano, é uma jornada, envolve sentimentos muito profundos, e isso é genial para um cineasta. em um país com uma costa enorme, Reinald Conrad começou a treinar vela na represa de Guarapiranga! Foi o primeiro velejador brasileiro a ganhar medalhas”, afirma.

As obras serão apresentadas ao público pouco antes da Olimpíada de Londres, no ano que vem, onde mais um pedacinho de nossa história esportiva será escrito por novos atletas. Enquanto nossos atletas de hoje inspiram as novas gerações, nossos heróis do passado vão exibir suas trajetórias de luta, competitividade e perseverança.